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De dentro da trincheira no Giro do Milho, pesquisador Ademir Calegari, do Iapar, vai mostrar por que acredita que todo sistema agrícola deve utilizar plantas de cobertura em meio à rotação de culturas
Entre as atrações do Giro do Milho Copasul deste ano, que ocorrerá dia 21 de junho, está uma trincheira que será escavada em área localizada entre dois talhões - um de mix de plantas de cobertura e outro de milho safrinha - com o objetivo de evidenciar os benefícios das plantas de serviço para o sistema de produção de grãos. Quem vai comandar as ações no local da trincheira será o doutor em agronomia Ademir Calegari, pesquisador do Instituto Agronômico Paranaense (Iapar). Em entrevista à Copasul, ele falou sobre a possibilidade de aumentar a produtividade ao mesmo tempo reduzir os custos de produção se o agricultor souber como usar plantas de cobertura.
Calegari é um dos três palestrantes do Giro do Milho 2023 e vai ministrar sua palestra, intitulada “Manejo regenerativo do solo através do uso adequado de rotação de culturas: mix de plantas de cobertura no incremento da biodiversidade e produção sustentável” de dentro da trincheira.
BENEFÍCIOS
O pesquisador sustenta, por exemplo, que todo sistema agrícola deve fazer uso de plantas de cobertura, independentemente da rotação de culturas feita na propriedade.
“Ou mix de plantas junto, consorciado com milho, ou junto com girassol, algumas até junto com sorgo, ou antes de trigo, antes da soja, do milho ou utilizada como plantas de cobertura e ao mesmo tempo como pastejo para animais em rotação, em integração lavoura-pecuária. Enfim, em qualquer um dos sistemas”, confirmou.
Contudo, de acordo com Calegari, muitos produtores ainda entendem o uso de plantas de cobertura como um incremento imediato dos gastos, sem enxergar, no horizonte, uma redução dos custos de produção em longo prazo.
“As dúvidas que eles têm são exatamente sobre o investimento, a incerteza de que vão ter produtividades maiores e muitas vezes o desconhecimento dos reais benefícios que essas plantas de cobertura, entrando no sistema de produção, vão trazer”, observou.
Em seguida, o pesquisador do Iapar falou sobre alguns dos benefícios que serão elencados na palestra em meio à trincheira no Giro do Milho com mais detalhes e exemplos práticos .
“Tanto nos aspectos físicos, como químicos e biológicos, os produtores vão estar realmente tendo ganhos muito grandes em termos de ciclagem de nutrientes, em termos de fixação de nitrogênio, redução de nematoides, diminuição de doenças de podridões e junto com os ativos biológicos melhorando toda essa sanidade do solo, quebrando camadas compactadas, aumentando a biodiversidade dos organismos que são inimigos naturais ou exsudatos radiculares, enzimas e tantos outros componentes que vão ser cruciais também para o sequestro de carbono, para o aumento da capacidade deste solo, dessa área, de sequestrar carbono”, resumiu.
Além disso, Calegari pretende falar sobre os principais erros do produtor que já conhece os benefícios das plantas de cobertura e decidiu cultivá-las. Por exemplo, a escolha do mix inapropriado com plantas não adaptadas ou com o uso de sementes não certificadas sem o vigor cultural indicado ou pior, que podem conter grãos com resquício de fusarium, mofo branco e outras doenças.
MAIS COM MENOS
Por fim, Calegari destacou qual o objetivo de sua participação no Giro do Milho Copasul. “É mostrar que é possível produzir mais e baixar o custo de produção. Que nesse momento difícil, mais do que nunca, aqueles que estão fazendo bem, armazenando água no perfil de solo, terão condição melhor de aumentar produtividade com custo menor”, reforçou.
“Também é possível melhorar ainda mais aquilo que já está dando certo. Então é possível nós acrescentarmos produtividade com uma agricultura regenerativa, de uma forma sustentável, com uso mínimo de insumos, mas com a maior diversidade, maior aproveitamento da mãe natureza. Essas vão ser as nossas discussões mostrando também que é possível, sim, neste momento, fazermos algumas coisas diferentes para alcançar resultados diferentes. E, com menos, alcançar mais. Esse vai ser o grande objetivo e estaremos juntos logo mais nesse evento extraordinário”, concluiu.
PROGRAMAÇÃO
O Giro do Milho acontecerá dia 21 de junho e começa com o raiar do dia, com o credenciamento e café da manhã marcado para as 6h30 na Arec, em Naviraí. Os participantes se dividirão em dois grupos, partindo com seus veículos para as estações de campo. Um dos grupos seguirá para a estação de manejo de consórcios, com palestra de Túlio Porto Gonçalo sobre consórcios com milho safrinha, na Fazenda Santa Marta, enquanto o outro grupo será direcionado para as estações nas fazendas São Francisco e Entre Rios, com palestras de Ademir Calegari sobre plantas de cobertura, em trincheira, e oportunidades e desafios para a expansão da cultura do sorgo, com André Lourenção, respectivamente.
Depois das palestras do período da manhã, haverá um ponto de encontro entre os dois grupos no almoço, que será servido no barracão da Fazenda Marialva, do Grupo Antonini. No período da tarde, os grupos invertem o percurso.
SOBRE O EVENTO
Em 2023, a cooperativa vai realizar o 11º Giro do Milho. Desde a sua primeira edição, em 2011, o evento tem como proposta oferecer uma oportunidade de troca de conhecimentos e experiências entre cooperados, além de trazer as descobertas mais recentes da ciência agronômica para que possam ser aplicadas na safrinha.
As palestras e a apresentação de cultivares são dispostas em locais diferentes e os participantes se deslocam entre as estações, observando, no trajeto, exemplos de boas práticas nas lavouras das propriedades anfitriãs.
Em 2022, cerca de 400 pessoas em 160 veículos participaram do evento, percorrendo um trajeto de 140 km.
PATROCÍNIO
O Giro do Milho Copasul 2023 tem o Patrocínio Diamante da Agrocete, Adama, Bayer, Ihara, Yara, KWS, UPL, Nidera, Jotabasso, Basf e Corteva; Patrocínio Ouro de Hinove, ICL e Nortox; e Patrocínio Prata de FertCross, CropChem, TimacAgro, Superbac, NovaFértil, Facholi, Sementes Aurora, UniFértil e Soesp.