Mulheres ganham espaço no campo e ocupam 30% dos cargos de comando
08, Mar de 2018
Fonte: O Estado de São Paulo
Os anos recentes não foram só de ganho de produtividade e aumento do uso da tecnologia no campo. Ele também ficou mais feminino. Uma em cada três propriedades rurais do País tem mulheres ocupando funções de comando – há cinco anos, eram 10%. Quando não são as principais responsáveis pelas propriedades, elas atuam como administradoras, dividem as atividades com um familiar ou estão sendo preparadas para assumir essas funções.
Os dados são de uma pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) e antecedem o Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deve ficar pronto este ano. O levantamento foi feito ao longo de 2017, com 2.090 agricultores e 717 pecuaristas de 15 Estados.
Com o aumento do uso da tecnologia no campo, a força física deixou de ser uma barreira para muitas atividades, lembra Ricardo Nicodemos, coordenador da pesquisa da ABMRA. Elas também estão se preparando mais para assumir as funções. Uma em cada quatro mulheres tem formação superior. Entre os homens, um em cada cinco.
“Essa nova dinâmica do agronegócio faz com que as mulheres ganhem destaque. Embora os homens sejam a maioria dos entrevistados, para 81% dos agricultores e pecuaristas, a participação delas é vital ou muito importante”, diz Nicodemos.
A presença feminina à frente das propriedades rurais não é inédita. Mas a pesquisa da ABMRA mostra que elas ganham espaço nas pequenas, médias e grandes propriedades.
Campo também está mais jovem do que há cinco anos
A faixa etária média dos produtores rurais caiu entre 2013 e 2017, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA). No ano passado, os agricultores e pecuaristas tinham, em média, 46,5 anos. Em 2013, essa média era de 48 anos. “A diferença parece pequena, mas não é”, diz o coordenador do levantamento, Ricardo Nicodemos.
“É uma indicação de que os filhos de produtores estão permanecendo no campo. Continuamos tendo muitos produtores mais velhos, mas os jovens também sentem que têm oportunidades no agronegócio.” Entre os produtores, as faixas etárias mais baixas, de 18 a 25 anos, de 26 a 35 anos e de 36 a 40 anos foram as que tiveram crescimento entre 2013 e o ano passado. A maioria dos entrevistados tem entre 51 e 60 anos.
O levantamento também aponta que 81% dos entrevistados não exercem outra atividade. Em 2013, 43% deles tinham sua única residência no campo; agora são 56%. Cinco anos atrás, 30% deles diziam ter duas casas, uma na cidade e outra no campo. Agora, apenas 19% têm.
Campo renovado
Mulheres e mais jovens ganham espaço nas propriedades rurais