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Mercado para o farelo de soja incentiva agroindustrialização

02, Ago de 2022
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RODRIGO ALMEIDA | Correio do Estado

O crescimento da exportação de farelo de soja de Mato Grosso do Sul deve ser privilegiado com o anúncio de um acordo entre Brasil e China. Nos últimos anos, o Estado vem aumentando de forma considerável a quantidade de soja processada internamente, e isso pode ser notado na pauta de exportações.

Entre janeiro e junho de 2022, as exportações do agronegócio de Mato Grosso do Sul superaram US$ 3,9 bilhões, um crescimento de 14,12% em relação ao mesmo período de 2021 e respondeu por 96,63% de tudo que o Estado exportou.

O faturamento do complexo soja cresceu 13,48% em um ano e foi responsável por 52,37% das exportações do agronegócio entre janeiro e junho de 2022, considerando grãos, farelo, óleo e similares.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), o Estado exportou 327,5 mil toneladas apenas de farelo de soja nos seis meses de 2022, obtendo uma receita de U$$ 167.604.669,00.

O valor é 53,20% maior que o exportado no mesmo período de 2021, quando foram negociados com os países parceiros US$ 109.396.953,00 e 61,62% acima do primeiro semestre de 2020, que fechou em US$ 103.701.863,00.

A grande alteração de 2020 para cá foi que o preço cobrado pelo farelo de soja dobrou. No primeiro semestre de 2020, a tonelada custava R$ 1.300 em média no Rio Grande do Sul. Atualmente, segundo a Bolsa de Cereais de São Paulo (BCSP), a tonelada é comercializada a R$ 2.600. A mesma proporção é vista em Mato Grosso.

Nesses dois anos, o volume líquido em toneladas teve uma queda de 13,22% de 2020 para 2021, por causa da quebra da safra no último ano. Em 2022, o volume exportado voltou a subir e ficou 4,14% maior do que o de 2020, quando foram exportados 314,46 mil toneladas.

O analista técnico do Sistema Famasul, Jean Carlos Américo, comenta que, no total, 27 países receberam o produto. Países Baixos, Indonésia, Polônia e Tailândia estão entre os principais importadores da produção sul-mato-grossense.

“Ainda não estão definidas as plantas industriais que vão realizar a exportação [para a China], isso será definido pelo Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], e existem diversas no País”.

“Essa comercialização de farelo é realizada pela indústria, e não pelo produtor. De qualquer forma, a demanda pelo subproduto vai aumentar”, analisa.

Acordo

Conforme noticiado pelo jornal O Estado de São Paulo, a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa obteve aval para o novo acordo comercial durante uma reunião bilateral de subcomissão da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Mato Grosso do Sul possui seis indústrias com potencial de produção do farelo e com potencial de processamento de 17.127 toneladas de soja ao dia.

Para o gerente comercial de grãos da Cooperativa Agrícola Sul-matogrossense (Copasul), Rafael Dolenkei, o acordo vai gerar divisas, investimentos e tecnologia para o Estado.

“Estaremos gerando um produto acabado, com valor agregado, maior que simplesmente ser um exportador in natura. É uma mudança substancial”, resume.

Secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, explica que a soja em grão ainda é o principal produto de exportação.

“Nosso objetivo sempre tem sido como estratégia de desenvolvimento a famosa frase de agregação de valor ao produto, ou seja, transformação. É muito claro que a linha de desenvolvimento do Estado é a agroindustrialização. MS será competitivo assim como acontece na soja e nas proteínas, ninguém transforma a soja em proteína animal, a gente transforma em farelo e esse farelo gera proteína animal”, comenta.

Além do farelo de soja, a China autorizou também a importação de amendoim sem casca, polpa cítrica, proteína concentrada de soja e soro fetal bovino do Brasil.  

Futuro

O presidente-executivo da Copasul, Adroaldo Taguti, comenta o caminho do futuro para sustentabilidade é agroindustrializar.

“Tentamos fortalecer a estrutura da cooperativa para isso. No planejamento estratégico dos próximos cinco anos está previsto a operacionalização de uma esmagadora de óleo de soja, capaz de processar 3 mil toneladas por ano até 2025”.

Apesar de o Brasil se tornar um fornecedor de um novo produto com valor agregado para os chineses, menos otimista, o consultor e agrônomo João Pedro Dias avalia que a medida pode ser algo muito pontual.

“O mercado da China é complicado, a estratégia sempre foi comprar grão e processar eles mesmos. Talvez seja uma medida pontual e estão precisando de farelo e passaram a comprar”, pondera.

O consultor ainda comenta que é pouco provável que o acordo se torne uma tendência para a economia.

“Nós sempre fomos grandes exportadores de grãos, e o parque industrial chinês é bem preparado para esse tipo de política de importação. Essa foi a vantagem dos brasileiros em relação aos argentinos. A China compra os grãos para ela mesma processar no vasto parque industrial”, avalia. (Colaborou Súzan Benites)