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Fonte: Gazeta do Povo
São Gabriel do Oeste, Dourados, Deodápolis e Naviraí são as principais regiões produtoras de soja do Mato Grosso do Sul. Por lá, a sensação é de euforia com os resultados obtidos no campo. Na última semana, o tempo melhorou e as colheitadeiras ganharam ritmo. Quase 3% dos 2,6 milhões de hectares dedicados à oleaginosa foram colhidos em poucos dias. E as médias de produtividade nos primeiros talhões são altíssimas: 70, 75, até 83 sacas por hectares.
Não há agricultor, agrônomo, técnico, profissional do campo que não fale num novo recorde. A Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Famasul) estima uma produção de 8,736 milhões de toneladas, 2,5% a mais que no último ciclo, que também foi recorde, a também chamada “safra perfeita”. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS), Juliano Schmaedecke, aumento de área, clima e tecnologia explicam o cenário.
“Foi o melhor índice de precipitação dos últimos anos. A chuva chegou um pouco mais tarde, mas na melhor janela de plantio do estado. Não tivemos longos períodos de estiagem em dezembro e janeiro. As plantas estão bonitas, grandes, carregadas”, diz.
Em São Gabriel do Oeste, no Norte do Mato Grosso Sul, o plantio aconteceu dentro da janela ideal. Os produtores Genor e Paulo Piaia, pai e filho, plantaram 2 mil hectares de soja nesta safra e estão satisfeitos com o desempenho dos primeiros talhões. “Aqui não temos problemas com o clima, e o plantio aconteceu dentro da janela ideal. Nós nunca vimos uma lavoura tão boa quanto à desse ano”, contam.
O presidente do Sindicato Rural da cidade, Julio Bortolini, concorda. “Por sorte, houve um atraso no plantio. A cultura de antecipar a semeadura pensando na safrinha tem prejudicado os produtores. A safrinha no ano passado foi desastre. A falta de água obrigou os produtores a voltarem para dentro da janela da soja, e foi o melhor plantio que tivemos. Todo mundo está satisfeito com os primeiros talhões. E são esses talhões que fazem a diferença na hora de compor a média de produtividade, que neste ano, deve girar em torno de 60 sc/ha em São Gabriel do Oeste”, explica.
Em Deodápolis, na região Sul, o produtor Valdenir Barizon plantou 800 hectares de soja, 500 ha em áreas de primeira safra que até o ano passado eram usadas na pecuária. “A colheita está muito boa, até nessas áreas novas, que não costumam produzir tanto”, diz.
O gerente técnico da Copasul na região de Deodápolis e Dourados, Manoel Murilo Macedo Barbosa, conta que a região colheu, em média, 39 sacas por hectare na safra passada e que neste ano são esperadas 56 sc/ha. “No ano passado, uma longa estiagem comprometeu bastante as lavouras da região. Neste ano, não tivemos esses problemas, eu diria que 98% das lavouras estão muito boas”.
Mais ao Sul, quase na divisa com o Paraná, em Naviraí, Nelson e Giancarlo Antonini (pai e filho), plantaram 12 mil hectares de soja. Assim como outros produtores, eles também esperam a melhor safra que já tiveram, em torno de 62 sc/ha, bem acima do ano passado, que foi de 54 sc/ha. “Estou há 29 anos aqui. É o melhor ano que já vi”, afirma Nelson Antonini, que também é vice-presidente da cooperativa, a maior do Mato Grosso do Sul. “A gente tem problema de geada aqui, por isso antecipamos um pouco o plantio, mas neste ano não conseguimos e isso foi bom para soja”, complementa.
O coordenador administrativo do Departamento Agronômico da Copasul, João Vinícius Panacho, diz que a nebulosidade e o clima ameno de dezembro e janeiro era uma preocupação no desenvolvimento da planta, mas não surtiu impactos significativos.
Mesmo com uma situação bastante favorável, os produtores do Mato Grosso do Sul também apontam alguns problemas. A ferrugem é uma delas. Há focos e algumas lavouras podem perder produtividade por causa da doença. “A situação piora a partir de agora. O cuidado necessita ser redobrado”, alerta Panacho.
Preço da soja foi citado como o maior desafio. Embora o custo de produção não tenha aumentado em relação ao ano passado, a queda na cotação da saca do grão preocupa. “O produtor vendou pouca soja antecipada e perdeu picos. Eles optaram por banco ou pela troca de produto. E o horizonte não é muito promissor, principalmente se não acontecer nenhuma anomalia. Com um custo em torno de 50 sacas, o produtor corre o risco de ter prejuízo”, fala o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Julio Bortolini. No Mato Grosso do Sul, 30% da soja já foi comercializada, percentual abaixo do ano passado.