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Brasil deve firmar acordos com a China durante esta semana

18, Mai de 2015
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É esperado que o Brasil assine com a China cerca de 30 acordos bilaterais de investimentos e comércio, durante a visita oficial do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao País, nesta semana.

O chanceler desembarca hoje no Brasil com uma comitiva de 150 empresários para participar de rodadas de negócios e reuniões diplomáticas, até a próxima quarta-feira.

A gerente de estratégia da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Ana Paula Repezza, afirma que deve haver avanços em torno do setor de carnes, com a perspectiva de assinatura de um protocolo sanitário entre os dois países. Durante a sua passagem pelo Brasil, em julho do ano passado, o presidente da China, Xi Jinping, anunciou o fim do embargo à carne brasileira. No entanto, é necessário firmar alguns tratados no setor para que os empresários do País possam dar continuidade às vendas para a China.

"São dois processos que devem ocorrer durante a visita do primeiro-ministro chinês: Um é a efetivação do fim do embargo e o outro, um documento habilitando os frigoríficos brasileiros para a exportação. [...] De julho do ano passado até agora, houve muita troca de documentações entre o Ministério da Agricultura brasileiro e a contraparte chinesa que comprovam, tecnicamente, que o Brasil está livre da doença da "vaca louca". Com essas comprovações, deve ser efetivado o fim do embargo nessa terça-feira. Após isso, é preciso outro documento habilitando novos frigoríficos para a venda de carnes bovinas e de frango", explica a representante da Apex.

Investimentos

Ana Paula conta que dentre as áreas de interesse dos chineses no Brasil, estão os setores de alta tecnologia, como investimentos para promover energias renováveis.

São esperados também acordos que gerem aportes chineses no valor de US$ 53,3 bilhões nas áreas de agronegócio, autopeças, equipamentos de transportes, energia, ferrovias, Rodovias, aeroportos, portos, armazenamento e serviços, conforme declarou o subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador José Alfredo Graça Lima, na semana passada.

Dos US$ 53,3 bilhões, cerca de US$ 50 bilhões são referentes a novos projetos. Ao todo, estão previstos quatro acordos governamentais, quatro empresariais, três declarações conjuntas e mais de 25 atos.

Há também a expectativa de conclusão da operação de venda e entrega do primeiro lote de 40 aeronaves da Embraer à empresa chinesa Tianjin Airlines, um dos compromissos firmados entre os dois países em julho do ano passado.

Dentre as obras de Infraestrutura que estão na mira dos chineses está a construção da Ferrovia Transoceânica. De acordo com o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, o primeiro - ministro do país asiático irá discutir com a presidente da República, Dilma Rousseff, a possibilidade de realizar um estudo de viabilidade para a construção da Ferrovia. O transporte ligaria as costas leste e oeste da América do Sul, passando pelo Brasil, com saída para o oceano Atlântico, e pelo Peru, com a saída para o oceano Pacífico. Dessa forma, a Ferrovia poderia facilitar o escoamento de grãos e de outras mercadorias.

O projeto da Ferrovia prevê 4,4 mil quilômetros de extensão em solo brasileiro, entre o Porto do Açu, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, e o município de Boqueirão da Esperança, no Acre.

Na última quarta-feira, foi divulgado que o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) criaria, junto com a Caixa Econômica Federal, um fundo voltado para investimentos em Infraestrutura. No entanto, na mesma semana, o banco chinês negou a informação.

O professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Marcus Vinicius de Freitas, diz que o ICBC tem sido um braço da China para a alavancagem de seus investimentos fora do país. 

"A China tem empreendido uma série iniciativas para criar rotas comerciais pelo mundo, a exemplo do investimento recente no Paquistão [que prevê construção de estradas e ferrovias]", afirma o professor.

Infraestrutura

Para Freitas, os aportes chineses em Infraestrutura no Brasil são bem vindos e serão melhor aproveitados se o País deixar de lado "protecionismos" com relação à indústria nacional. Apesar disso, acredita que os acordos no setor devem andar rápido. "O processo de maturação dessas negociações é sempre demorado. No entanto, nós observamos que o Brasil tem uma preferência pela China como parceiro comercial. Isso pode acelerar o processo de investimento chinês em Infraestrutura. Neste momento de fraco desempenho econômico do País, os aportes tendem a ter impacto positivo em nossa economia", afirma Freitas.

Para ele, a aproximação bilateral com a China fortalece o Brasil internacionalmente, no âmbito do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ). "Na minha avaliação, o Brasil deve buscar mais parcerias nos BRICS, pois isso altera a categoria do País no cenário internacional, permite uma singularização", diz.

Diversificação

A gerente de estratégia da Apex analisa que está ocorrendo uma diversificação da pauta exportadora brasileira para a China, para além das vendas de commodities. Os empresários nacionais estão buscando oferecer, ao país parceiro, produtos com maior valor agregado.

Na última missão da Apex na China, que ocorreu no início deste mês, empresários brasileiros dos ramos de bebida e alimentos conseguiram prospectar negócios em torno de US$ 47,96 milhões, volume maior que o previsto pela agência, de US$ 18 milhões. O número engloba os negócios fechados durante a viagem e os previstos para os próximos doze meses.

Ana Paula conta que a missão contou com a presença de empresas das áreas de café gourmet, mel, vinho, pão de queijo, refrigerante, entre outros. Esses alimentos, diz ela, têm sido mais demandados pela população chinesa, que passa por um processo de urbanização.

"Desde a última década, a população chinesa vem aumentando o seu poder de compra e migrando das zonas Rurais para as cidades. Com isso, passaram a ter padrões de consumo mais elevados que englobam também alimentos mais processados. E o Brasil sempre foi um importante país produtor desse tipo de produto. Possui uma agroindústria muito evoluída, seja de frutas, massas, biscoitos, entre outros", afirma Ana Paula.

Para ela, esse movimento é importante para que a balança comercial brasileira com a China não fique refém das vendas decommodities, cujos preços são definidos internacionalmente.

Em sua passagem pela América do Sul, o primeiro ministro chinês, Li Keqiang, também irá realizar visitas oficiais ao Peru, Chile e Bolívia para reforçar os laços com a região.

Fonte: DCI